Entrevista: Ira!

A banda paulistana IRA! celebra 40 anos de história com um show especial nesta sexta-feira (06), a partir das 22h, na Arena Opuns em São Jose. Ainda há ingressos disponíveis.

Com uma carreira musical que abrange décadas, Nasi vocalista do Ira! solidificou seu lugar como uma figura central no cenário do rock nacional. Desde o surgimento do Ira!, ele cativa os fãs com sua voz poderosa, letras marcantes e presença de palco como a de poucos.

Nasi, conversou com JORNAL TRINDADE e em nossa entrevista exclusiva, ele falou sobre o processo criativo que os manteve relevantes por tantas décadas, sem perder a autenticidade que marcou o início da carreira. 0 IRA! continua sendo um ícone do rock clássico. Falou também sobre as transformações ao longo dos anos. Hoje, a banda vive um de seus melhores momentos, com uma agenda de mais de 100 shows anuais, levando o público ao delírio em cada apresentação.

Se preparem, Arena Opuns, porque o IRA! está chegando com tudo, trazendo aquele som que une gerações e fazendo do palco o seu verdadeiro lar.

JT: A banda passou por diversas fases ao longo dos anos. Como foi o processo de adaptação criativa para manter a relevância e a originalidade da banda?

Acho que eu e o Edgar somos bem antenados em outros gêneros musicais. Isso influenciou vários discos da gente. Eu com uma cultura do hip-hop, do blues, em alguns momentos da banda, o Edgar com referência da música eletrônica, coisas que nós desenvolvemos em nossas carreiras solos. E que de alguma maneira vão para o IRA!, se bem que o IRA! tem uma forma clássica de fazer rock, eu também não gosto muito de ecletismo, sabe? Banda que tem, cada disco se transforma completamente, não, o Ira tem uma linha, um estilo de fazer rock, sabe? Clássico, né? Como as grandes bandas, principalmente inglesas dos anos 60 e 70 que nos influenciaram.

JT:  Qual foi a maior “Mudança de Comportamento” da banda?

Gente, a grande mudança de comportamento que eu ouvi no Ira!, não diria nem de comportamento, mas de estilo musical, foi a mudança de 84 para 85, quando nós saímos de um início punk, pós-punk, com uma formação diferente, que tinha o Charles Gavan, que depois iria para os Titãs, e a entrada do André Jung e do Gaspa, para a formação que gravaria praticamente todos os discos do Ira, e aí acho que nós tomamos um som mais influenciado pelos anos 60, inglês, um som mais solar, saiu de uma coisa mais dissonante para algo mais melódico, entendeu? Fora isso, o nosso eterno amadurecimento, eu não gosto particularmente de falar muito de amadurecimento, sabe, porque primeiro você vê que depois você fica maduro e depois você apodrece. Eu acho que o IRA! vai ganhando experiências, vai adquirindo mais musicalidade, a partir da ambição que nós temos por ouvir e testar coisas novas.

JT: E o que mais querem viver no presente?

E nós vivemos no presente esse estágio que a gente está agora, o Ira! eu acredito que está como o fundador da banda, está no melhor momento assim, talvez não com tanto sucesso como teve no Acústica MTV ou no meio dos anos 80, mas assim, de harmonia, essa formação com Evaristo Pádua na bateria, Johnny Boy no contrabaixo, para mim a formação, tecnicamente falando, mais apurada, entendeu? É um power trio poderosíssimo, e nossa harmonia também pessoal é excelente.

JT: O que vocês “Quero Sempre Mais”?

Queremos sempre mais shows. O Ira é uma banda de palco, claro que temos grandes discos, etc. Mas o Ira! sempre foi uma banda que emendou uma turnê na outra. E hoje eu poderia dizer pra você que o IRA!, hoje não, já há algum tempo, o Ira! é a banda de rock com a maior agenda do país. Isso é fruto da qualidade dos nossos shows. Quem nos contrata sempre quer mais, quer de novo, quer mais uma vez. Então o IRA! é hoje uma banda que faz uma média de praticamente 100 shows por ano.

JT: Quais os maiores “Dias de Luta” da banda?

Olha, dias de luta, até bem vários a nossa história né, os anos debulosos dos anos 90, onde houve muito sexo drogas em Rock and Roll, depois a nossa separação em 2007 com uma briga escandalosa, judiciária, tudo, acho que essas foram os dias de luta que nós superamos.

JT: O que vocês acreditam que mantém a conexão tão forte entre o Ira! e os fãs ao longo de tantas décadas? Como é a experiência de tocar para uma plateia composta por diferentes gerações que cresceram com a música de vocês?

Olha, isso de tocar para várias gerações, eu acho que é um patrimônio que um artista pode ter, né? Quando eu vejo bandas com artistas como Paul McCartney ou os Stones, entendeu? Que você vai nos estádios lotados dos shows deles e tem as três gerações juntas, né? Isso mostra que a mensagem e o estilo da nossa música é atemporal, né? É universal, né? Não são coisas que modismos, coisas que ficaram datadas, né? Isso é um patrimônio, é um patrimônio que eu acho que um artista pode ter.

JT: Muitas de suas letras são carregadas de referências literárias e poéticas. Quais escritores ou obras literárias inspiraram o trabalho do IRA!, e como essas influências literárias ajudaram a moldar a narrativa das músicas?

Olha, eu não teria pretensão de dizer que o IRA! tem letras carregadas de referências literárias, porque não é a nossa onda, nós somos uma banda de rock com letras que falam sobre o cotidiano e de nossas experiências pessoais. Para não dizer que não tem, eu vou dizer assim, tem um álbum do IRA! dos anos 90 que chama ‘Meninos da Rua Paulo’, que teve forte influência do livro do mesmo nome, do escritor húngaro Ferenc Molnar, e também ‘Dias de Luta’ é uma música que eu acho que é carregada da filosofia socratiana, que diz, o que sei é que nada sei, de resto seria muita pretensão, eu queria colocar dessa forma o Ira como uma banda literária, entendeu? E uma banda de rock que tem letras simples e contundentes, com os tons. Não tem nenhuma referência literária, eles são o que são.

JT: Deixe uma mensagem para os leitores e seus fãs.

Bom pessoal, estamos felizes de estar de volta aí, né, a Florianópolis e com certeza faremos um grande show.