15 de outubro de 2025
Vicente-de-Paulo

Poucos meses após lançar seu novo álbum de músicas inéditas, onde reitera sua paixão pelo samba, estilo musical que abraçou há 10 anos, a cantora Maria Rita aterrissou em Florianópolis, no dia 15 de junho, para apresentar a turnê “Amor e Música”. O show da “Diva do MPB”, marca a estreia do projeto “+Música”’, que levou para o palco da Fields grandes nomes do MPB e Samba.

Maria Rita é uma cantora, compositora, produtora musical e empresária brasileira, filha da célebre cantora Elis Regina e do arranjador e pianista César Camargo Mariano. Ganhadora de 11 prêmios Grammy Latino, incluindo de Melhor Artista Revelação (única brasileira na história a vencer essa categoria), Maria Rita já vendeu milhões de CDs e DVDs, no Brasil e no mundo todo, e é considerada uma das maiores vozes e intérpretes de sentimento da atualidade, reconhecida pelos grandes críticos musicais do The New York Times, os quais afirmam ser dona de uma “voz delicada e potente“.

JT: Como foi sua decisão para começar a cantar?

Maria Rita: Me descobrir cantora demorou bastante, foi um processo solitário, carregado de culpa, sombras, questionamentos e incertezas. Hoje, olhando para trás, eu diria que começou quando eu tinha uns 15 anos, foi se consolidando nos meus anos na faculdade e se tornou muito maior do que eu poderia suportar ou admitir. Quando eu estava com meus 22 anos, veio tudo à tona e me atropelou porque eu não queria mais sentir essas dúvidas. Já tinha sido decido por mim e, para pular pro palco, eu só fechei os olhos e fui. 

JT: O seu primeiro disco (2003), vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo e foi um dos 5 discos mais vendidos do país. Você imaginava que teria todo este reconhecimento?

Maria Rita: Não imaginava. Pelo contrário, eu me preparei e muito pro pior. Eu sabia que alguma coisa aconteceria, mas não do tamanho que foi.

JT: Você é uma das melhores e mais premiadas cantoras brasileiras. Qual o segredo de todo este sucesso?

Maria Rita: O meu maior bem, um que tento passar pros meus filhos, meus amigos, meu público, é a minha verdade, a minha paixão, porque demorou para eu me encontrar. E o caminho foi solitário. Acredito, então, que toda essa verdade toque as pessoas. Integridade, honra… e tem um pouco de sorte, sim, e um tanto enorme de trabalho, dedicação e sacrifícios.
 

JT: Seu novo álbum “Amor e Música” e seus shows, tem direção e produção sua. É para ter uma maior independência?

Maria Rita: Eu sempre produzi meus discos e meus DVDs.  Algumas vezes dividi o crédito com algum parceiro, mas desde o álbum “ELO” eu mesma produzo os discos.  Sempre fui bastante centralizadora, eu não sei se tenho maturidade pra deixar que outra pessoa tome conta da minha voz, da minha expressão e, de certa forma, da minha carreira. Então eu ponho a mão na massa mesmo, é uma tentativa de garantir que 100% de mim vai estar ali, minha verdadeira essência sem critérios ou padrões de outras pessoas.

JT: Em seu novo álbum, “Amor e Música”, há músicas de compositores consagrados ao lado da nova geração. A ideia era promover esta mistura?

Maria Rita: Não, nada foi premeditado, eu não tinha uma ideia concreta. “Amor e Música” foi um disco em que eu não tinha um assunto em pauta como tinha nos meus outros discos. Não tinha uma proposta específica. Eu usei a ajuda dos amigos para achar o caminho desse disco e por isso as parcerias foram acontecendo naturalmente. Alguns amigos me mandaram material e eu liguei para outros perguntando se eles tinham música. Nada calculado, uma coisa muito íntima, coisa de amigos mesmo.

JT: Como foi receber da família do mestre baiano Batatinha uma música inédita para cantar?

Maria Rita: Foi um presentão! Foi e ainda é surpreendente ter conseguido isso. Quando o Davi veio me entregar, porque foi um conhecido dele lá de Salvador que é próximo da família do Batatinha, que mandou para mim, eu fiquei muda, não tinha reação. Ele ficou até frustrado na hora, porque eu precisei de alguns dias para processar. E foi a última música que eu gravei, não porque eu estava com medo, mas sim com uma apreensão da responsabilidade de cantar a música inédita do Batatinha. É muito forte isso, me senti muito lisonjeada, e honrada. Conforme eu fui cantando a música, fui relendo, aprendendo, interiorizando e amadurecendo ela em mim. Fui entendendo que a escolha não tinha sido ao acaso. Essa música é muito “eu”. Tem muito do jazz e do samba, e por isso vira uma postura social que eu me identifico muito. Tomei um sustão mesmo, foi muito especial.

JT: Quais os momentos mais marcantes de carreira?

Maria Rita: São tantos… A estreia, em 2003, no canecão; a noite do meu primeiro Grammy Latino (pelos prêmios e pela perda do Tom Capone); o lançamento do Samba Meu na Fundição Progresso; Revéillon na Paulista; cantar com Oscar Castro-Neves no Hollywood Bowl; meus amigos de faculdade todos na plateia dos shows em NY; cantando grávida do Antonio em Porto Alegre; o lançamento de “Redescobrir” também em Porto Alegre; Alcione na plateia e eu cantando “Não deixe o samba morrer”; dividir o palco com o Milton Nascimento e receber uma música inédita dele durante o show; dividir o palco com Davi, meu marido, grávida da filha dele, cantando minha mãe. São muitos mesmo… sou abençoada.

JT: Deixe um recado para os leitores do Jornal Trindade e seus fãs.

Maria Rita: É uma honra sem fim voltar a essa cidade que sempre me recebe com tanto carinho… Espero, do fundo da minha alma, que esse show traga alegria, força e coragem para esses tempos estranhos que estamos vivendo.

Foto: Vicente de Paulo/Divulgação