Entrevista: Com Dado Villa-Lobos
O Legado na Música Brasileira.
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, fazem turnê ‘As V Estações’ parte do projeto que celebra os álbuns da banda Legião Urbana, chegará ao fim em 2024.
Os músicos anunciaram uma agenda especial para o encerramento da série de shows, que passará por poucas cidades brasileiras entre julho e setembro. Confira as datas da turnê: JULHO: 26, Florianópolis (SC) e 27, Porto Alegre (RS). AGOSTO: 02, Goiânia (GO). 03, Brasília (DF). 09, Recife (PE). 10, Fortaleza (CE). 24, Rio de Janeiro (RJ). 30, Campinas (SP). São Paulo (SP). SETEMBRO: 06, Aracaju (SE). 07, Salvador (BA).
Em uma conversa repleta de emoção, tivemos o privilégio de entrevistar Dado Villa-Lobos, cantor e guitarrista. Um dos músicos mais influentes do cenário musical brasileiro. Dado compartilhou histórias, insights sobre o impacto cultural de suas músicas e sua visão sobre a evolução da música no Brasil.
Acompanhe nossa entrevista e descubra o que mantém viva a chama de sua trajetória, que continua a inspirar e unir gerações através de suas canções atemporais.
JT: Você e Marcelo Bonfa têm noção que construíram um legado que mudou vidas, formou gerações e fez a música chegar tão forte nas pessoas?
Dado: Hoje em dia é fabuloso perceber isso, claro que com o passar do tempo a gente vê que realmente a música que a gente fez durante nesses 12, 13 anos transcendeu, passou a prova do tempo, e tá aí até hoje chegando forte nas pessoas, acho que é isso, é a transcendência, é uma coisa que você não explica, a música é realmente transcendental e chega nas pessoas até hoje, é algo memorável realmente. E claro, tem muito orgulho disso tudo, com certeza. Mas na época a gente não percebi isso a gente estava no meio do furacão e tal, mas claro que a gente tinha noção que estávamos indo bem. Enfim, é como banda e como como artista da cultura jovem musical brasileiro. Mas estamos aí pô, isso é sorte mesmo, isso é mágico, música é magia.
JT: Após décadas, suas composições, são tão atuais. Como era o processo criativo para compor músicas tão profundas e atemporais?
Dado: O processo criativo é você juntar, aqueles 3, 4 caras no ensaio, no estúdio, ok vamos fazer músicas, enfim, é algo que não é tão planejado, é muita mitologia, intuição, enfim muita percepção do tempo em que a gente vivi e estava vivendo, eu acho que é isso, a gente fazia primeiros temas musicais e depois o Renato chegava com a letra complementando de forma sublime a ideia original que veio com a com a música. E é isso, isso que é a coisa mais produtiva e fascinante de você ter uma banda de rock, é você conseguiu produzir, criar canções inesquecíveis, como de repente a gente conseguiu fazer. Mas era um processo muito simples, é realmente intuitivo e que vinha, sabe-se lá exatamente de onde, que não se explica tanto assim. Não é cartesiano o processo, apesar da música ter até alguns elementos matemáticos e tudo, mas a gente se encontrava.
JT: De onde tiravam inspiração?
Dado: As álbum ‘4 estações’, a gente ficou um ano dentro do estúdio fazendo aqueles temas todos. E acho que a gente conseguiu, veio tudo do momento que todos estávamos vivendo, ‘Pais e filhos’, ‘Eu era um lobisomem juvenil’, fala das nossas vidas aqui no Rio de Janeiro, e por aí vai, e o Renato era um grande mestre em traduzir poesia em letra de música esse sentimento.
JT: Em tempos de músicas pontuais, como é ver, após tantos anos, uma legião de fãs de todas as gerações cantando nos shows?
Dado: Os tempos hoje são outros, como você colocou aí, pontuais né, mas a gente conseguiu uma onda perene, que atravessou o tempo, as décadas, é isso, são outros tempos, eu acho que a relação do público basicamente com a música que mudou, eu acho que mudou o sentido da música pra garotada. Hoje em dia, eu percebo que a música ocupa um espaço, sempre está em tudo quanto é canto, mas é algo que que não tá ali, chegando nas pessoas de forma transformadora, digamos assim, não sei, eu acho que é isso, hoje você vê os grandes festivais, não importa muito quem vai tá tocando, mas tem tantas atrações, fora própria música, fora os artistas e tudo, mas eu acho que ainda a música isso, só teve essa mudança, essa transformação de percepção do público do que a música representa pra cada um, não sei, é só uma impressão minha. Não sei se eu posso estar errado, mas são definitivamente outros tempos.
Qual é o segredo para que suas músicas permaneçam tão marcantes?
Dado: A gente teve a sorte do nosso momento, lá 30 anos atrás, da música ter essa força, sociocultural transformadora. Porque a gente estava saindo de uma ditadura militar, o país estava se abrindo, estava se libertando de tantas coisas, então acho que isso também fazia sentido, a música fazia sentido pra galera, pra população. Mas é isso, música sempre é música, sempre vai ser divertido e vai ser emocionante, não tem como.
JT: Há alguma turnê ou show específico que tenha marcado sua carreira de forma especial?
Dado: A gente não gostava muito de se apresentar ao vivo, de sair de casa, o Renato em algum determinado momento era complicado pra ele, mas enfim. Mas tivemos algumas, eu acho que a talvez a mais memorável, mais tranquila, foi tenha sido a turnê das 4 estações em 1990, em que a gente subiu em um estágio, a gente tocava em ginásios de esporte e passamos a tocar em estádios de futebol. O repertório era mas o lance espiritualidade, mais tranquilo nesse sentido, e a gente estava bem, a gente estava realmente querendo tocar e provar que a gente conseguia fazer um grande espetáculo. A gente abria lindamente, eu acho que com a ‘Tempos’ e depois terminava com fogos de artifício, tudo como tinha que ser, isso já há 30 anos.
JT: Pode compartilhar algum momento memorável?
Dado: Foi fabuloso espetáculos no Parque Antártica, foram 2 noites, mais de 100 mil pessoas assistiram. No Rio de Janeiro, foi fabuloso também, no Jockey Club tinha muita gente, a cidade parou. Essas coisas motivam, e a gente se sente bem, da gente ter cumprido essa missão, essa meta, de chegar realmente nas pessoas, e de ter recebido o carinho do público, isso que é o mais incrível, da gente ter chegado em tanta gente, e tanta gente comprar ingresso e lá assistir a gente, e uma demonstração de respeito, carinho, compreensão e atenção com a gente, foi uma grande turnê.
JT: Uma mensagem para os leitores e seus fãs.
Dado: Vamos em frente, sempre em frente, e força sempre pra vocês, porque a vida não é fácil, a gente vai segurando as pontas aí, mas sabe que em algum momento a gente vai tá junto, e que a gente tá aí para divertir as pessoas e fazer as pessoas de repente pensar, e esquecerem também, às vezes como a vida pode ser complicada, mas é isso, muita paz, muito amor e muita alegria sempre.