Setor portuário de SC muda perfil e registra crescimento na movimentação de cargas
No primeiro quadrimestre deste ano terminais catarinenses tiveram alta de 5% na movimentação em relação ao ano passado
Nesta quinta-feira (25), lideranças do setor portuário de Santa Catarina participaram de uma conferência online para discutir o cenário atual e futuro dos portos no Estado. Apesar da pandemia de Covid-19, o setor vive um bom momento.
No primeiro quadrimestre de 2020, os cinco terminais do Estado movimentaram 15,5 milhões de toneladas, alta de 5% na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com os empresários, esse crescimento se deve principalmente ao aumento nas exportações de proteína animal.
Apesar desse crescimento, o setor alerta que a crise diminuiu a quantidade de importações, modificando o equilibro que se observava nas relações comerciais com o exterior.
“Os portos são importantes não só para os produtos de exportação, mas também para os insumos industriais. Hoje, eles representam 90% da pauta de importação de Santa Catarina”, afirmou o o gerente para Assuntos de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Egídio Martorano.
A variação cambial é outro fator que tem influenciado no aumento das exportações. Esse crescimento, por sua vez, acaba ocasionando uma mudança no perfil dos produtos catarinenses que são vendidos ao exterior.
“A atividade econômica de Santa Catarina está reagindo às condições atuais impostas pela crise da Covid e do dólar. O Estado está mudando seu perfil e aumentando a exportação de produtos industrializados. Isso ajuda a manter e até gerar novos empregos, além de garantir o funcionamento da atividade econômica”, ressaltou o superintendente da Porto de Itajaí, Marcelo Salles.
O setor reconhece que será difícil manter ao longo do ano os resultados positivos observados no primeiro quadrimestre, mas a expectativa ainda é positiva. De acordo com uma projeção feita pelo diretor da Secretaria Nacional de Portos, Fabio Lavor, a movimentação e o faturamento dos portos brasileiros deve crescer neste ano.
Burocracia
Durante a conferência também foi discutido sobre a legislação e a influência do poder público sobre o setor. Os empresários reclamaram do excesso de burocracia, o que, segundo eles, dificulta a competitividade entre os terminais.
“O mercado se equilibra pela competição. Se tivermos uma condição reguladora equilibrada, teremos mais previsibilidade sobre o setor e teremos mais condições de atrair investimentos do setor privado”, afirmou o superintendente do Portonave Terminal Portuário Navegantes, Osmari Castilho.
Lavor explicou que o Governo Federal está atento à essa situação, mas alertou que a regulação precisa ser vista de maneira ponderada pelo setor público. De acordo com ele, o objetivo é reduzir o custo da logística do país com investimento em infraestrutura, dando ferramentas para todos os gestores serem competitivos.
“As vezes o estabelecimento de algumas normas acaba burocratizando ainda mais alguns processos. Precisamos amadurecer e discutir com todos os atores. Não é apenas desburocratizar, é fazer isso dando a segurança jurídica para todos os terminais operarem”, destacou.