15 de outubro de 2025

Grupo Corpo em Florianópolis em duas noites de espetáculos

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O Grupo Corpo, a mais importante companhia de dança contemporânea do país, estará em Florianópolis para uma curtíssima temporada no Teatro Ademir Rosa, nos dias 4 e 5 de outubro. O programa tem dois de seus balés mais pedidos – O Corpo (2000), trilha de Arnaldo Antunes, e Benguelê (1998), música de João Bosco. Pode-se dizer que são criações antípodas – o urbano e o telúrico, o contemporâneo e o ancestral, o pop e a dança popular – e complementares no seu afeto brasileiro, traduzidas na movimentação ímpar da companhia mineira.

Com o palco às escuras, as vozes filtradas puxam o mote: pé/mão/pé/mão. No fundo, piscam luzes vermelhas como as de um painel eletrônico. Os bailarinos, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno enquanto as palavras (mão/umbigo/braço) vão se tornando mais e mais percussivas, mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, permeados por melodias de várias origens – do funk à música árabe, do baião ao reggae.

Assim começa O Corpo, a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. Ele partiu para uma tradução musical, sonora e semântica do corpo, como organismo e como engrenagem, mecanismo. É o corpo, então, “esse composto de ossos carne sangue órgãos músculos nervos unhas e pelos” que preside a peça de oito movimentos gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos; ruídos orgânicos como grunhidos, gritos e sangue nas veias fundem-se com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão e as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.

Neste balé, que celebrou no ano 2000 os 25 anos do Grupo Corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos para a companhia. A pulsação ao mesmo tempo tribal e futurista incorpora-se nos movimentos, que vão do fetal, intrauterino, ao autômato.

O linóleo é vermelho e o cenário virtual, projetado por Paulo Pederneiras, faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos; um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.

A temporada do Grupo Corpo, que acontece nos dias 4 e 5 de outubro no Teatro Ademir Rosa, junta no programa duas obras de estética e ambientação muito diversas. O Corpo, que estreou no ano 2000, tem trilha do ex-Titã Arnaldo Antunes; Benguelê, de 1998, é voz de ancestralidades, folguedos populares, da mistura cultural e da força do Brasil afro. Ambas voltam à cidade depois de longa ausência – O Corpo foi visto em Florianópolis em 2011 pela última vez e Benguelê, em 2016.

As duas coreografias de Rodrigo Pederneiras, reunidas nesse programa, traduzem a brasilidade urbana e sertaneja, do Sudeste e do Nordeste, do tecnopop vertiginoso e da tradição em artesania.

O Grupo Corpo tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale e da Cemig, e patrocínio do Itaú Unibanco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

SERVIÇO

O Corpo e  Benguelê

Teatro Ademir Rosa. Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600

4 e 5 de outubro – [sexta e sábado – 20h30]