Grupo Corpo Completa 50 anos com espetáculo em Florianópolis

O peixe sobe a correnteza do rio, numa dura jornada, para chegar ao local da desova. Contra a força da corrente, contra os obstáculos, vence a urgência de criar e recomeçar o ciclo da vida. No ano de seu cinquentenário, o GRUPO CORPO escolheu o fenômeno da piracema como símbolo de sua trajetória – uma viagem movida pelo irresistível desejo de criar, recriar e resistir, em sua brasilidade profunda e incontestável que deságua na linguagem universal da grande arte. Com trilha inédita composta por Clarice Assad, Piracema inaugura a parceria coreográfica de Rodrigo Pederneiras com Cassi Abranches, que passa a ser também coreógrafa residente.
CRIAÇÃO DIVIDIDA E MULTIPLICADA
Uma inovação radical no método de trabalho dos dois criadores – Rodrigo e Cassi – neste PIRACEMA. Um desafio e tanto, a partir da proposta do diretor artístico Paulo Pederneiras. Com a companhia dividida em dois grupos de 11 bailarinos, cada um dos coreógrafos criou e ensaiou independentemente todo o balé, para depois reunir e combinar as duas versões. “Nossas duas visões se completam. Foi uma experiência riquíssima”, é o que Rodrigo Pederneiras considera sobre o processo de criação. “Cassi é nossa cria, domina a linguagem e, ao mesmo tempo, traz novos elementos, sua bagagem internacional, os dez anos em que evoluiu em outros cenários”. Limites rígidos foram estabelecidos. “Não podíamos nem circular na área em que o outro grupo estava ensaiando”, revela Cassi Abranches. “Deu um frio na barriga, mas topamos a proposta do Paulo e a dança cumpriu seu papel integrador”.
NA MÚSICA, UTOPIAS E DISTOPIAS
O balé Piracema traduz a música de Clarice Assad que, dividida em três grandes movimentos, traça um arco que se inicia no tribal, no ambiente natural intocado, passa pela polifonia sinfônica do clássico e termina no eletrônico, urbano, contemporâneo.
ESCAMAS
O diretor artístico Paulo Pederneiras foi buscar, para a cenografia, um material inusitado – e que se alinha à ideia dos cardumes da piracema. Recobriu o fundo (de 16m x 7m) e as pernas (laterais do cenário) com nada menos que 82 mil tampas de latas de sardinha. “Montamos numa rede as tampas metálicas e a imagem de escamas se projeta”. Paulo assina também a iluminação ao lado de Gabriel Pederneiras, diretor técnico do grupo.
PARABELO
Sertanejo e contemporâneo, como a trilha composta por Tom Zé e José Miguel Wisnik, o balé Parabelo, de 1997, leva do coreógrafo Rodrigo Pederneiras a definição de “a mais brasileira e regional” de suas criações. Dos cantos de trabalho e devoção, o baião cadenciado e contrapontos rítmicos emerge uma escritura coreográfica de grande
força expressiva, repleta de jogo de cintura e marcação de pé.
50 ANOS DE EXCELÊNCIA, EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO
Fundado em 1975, ocupando num primeiro momento a casa onde os irmãos Pederneiras – Paulo, Zé Luiz, Miriam, Rodrigo, Pedro e Marisa – foram criados, o Grupo Corpo chega aos 50 anos de atividades como o mais importante grupo de dança contemporânea do país. “Éramos presunçosos. Quando nossos pais cederam a casa em que morávamos, em Belo Horizonte, para que se tornasse a sede da companhia, achávamos que ia dar certo”, graceja Paulo Pederneiras, diretor artístico.
Florianópolis
9 e 10 de setembro
[terça e quarta, 20h]
Teatro Ademir Rosa | CIC
Ingressos de R$19,90 a R$220,00
www.diskingressos.com.br
classificação indicativa: livre
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
apresentado por: CEMIG E PETROBRAS
patrocínio: INSTITUTO CULTURAL VALE E VIVO
realização: INSTITUTO CULTURAL CORPO, MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO
FEDERAL