Curso gratuito sobre práticas agrícolas sustentáveis está com inscrições abertas

Produtores rurais têm até 30 de outubro para se inscrever no processo de seleção do programa desenvolvido pelo Imaflora com apoio da General Mills

 O Imaflora, com apoio da General Mills, está com inscrições abertas até o dia 30 de outubro para a Capacitação para Agricultura Regenerativa e de Baixo Carbono. A parceria oferecerá aos produtores rurais de batata, amendoim, milho de pipoca e/ou mandioca, capacitação gratuita sobre implementação de práticas agropecuárias regenerativas e de baixa emissão de carbono.

As inscrições para participar das etapas de seleção acontecem até o dia 30 de outubro. Os interessados podem se cadastrar pelo endereço: imaflora.org/cursos-eventos. Para participar do processo de seleção, é preciso ser membro de associação ou cooperativa e preencher o formulário disponível no site do Imaflora: imaflora.org/cursos-eventos. Com quatro módulos de treinamento teórico (online) e prático (dias de campo) ministrado por especialistas, o curso discutirá como práticas de agricultura sustentável podem contribuir para movimentar a atividade econômica e diminuir impactos do aquecimento global em nossa sociedade.

Entre os módulos estão: integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF); agricultura regenerativa; controle biológico de pragas; aspectos econômicos da agricultura regenerativa e de baixas emissões de carbono. A logística para os dias de campo e material didático serão 100% financiadas pelo programa. Os treinamentos teóricos acontecem entre novembro e março de 2021 e a parte prática de abril a julho do próximo ano (sujeito a alterações, por conta de possíveis restrições de viagem, ocasionadas pela pandemia de Covid-19).

Produção top 10 mundial em emissões de gases de efeito estufa

A Capacitação para Agricultura Regenerativa e de Baixo Carbono busca ampliar as melhores práticas de plantio demonstradas em um estudo conduzido pelo Imaflora em parceria com a General Mills, que revelou que as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na produção de milho de pipoca no Brasil é cerca de 70% menor que a média global.

No mundo, a média de emissões de GEE para se produzir milho é estimada em 1,7 tCO2e por tonelada de produto, para as quais as emissões provenientes da fazenda contribuem com quase 50% ou 0,81 tCO2e por tonelada de grão produzido (Poore & Nemecek, 2018). Com base nas estimativas encontradas no estudo, as emissões dos milhos de pipoca produzidos em Campo Novo do Parecis estão potencialmente entre os dez mais eficientes sistemas de produção globais de milho, registrando cerca de 0,25 tCO2e em emissões de gases de efeito estufa por tonelada de produto.

Média global de intensidade de emissões de gases de efeito estufa para produzir uma tonelada de milho comparada à produção de milhos de pipoca em Campo Novo do Parecis (MT) – baseado em Poore e Nemecek, 2018

A pesquisa intitulada “O sistema de produção de milho branco e pipoca: uma estimativa dos estoques de carbono e GEE”, também constata que o plantio direto (PD) e a integração lavoura pecuária (ILP) tem potencial de manter os estoques de carbono no solo nos mesmos níveis da vegetação nativa. Entretanto, para algumas áreas, a rotação de cultivos mais diversificada e de longo prazo é necessária.

Para que isso ocorra de forma eficiente é fundamental a adoção e manutenção de práticas aprimoradas de manejo agrícola e conservação do solo. “Em média, 70% da produção de milho de pipoca da General Mills acontece em Campo Novo do Parecis. Em parceria com produtores, a empresa, que é responsável por 36% da produção de milho de pipoca no País, desenvolve constantemente técnicas e pesquisas para aprimorar o cultivo, apoiar a produção local e entregar um produto de qualidade ao consumidor final. Além disso, estuda cenários com o compromisso de garantir a sustentabilidade sempre pensando em todos os elos de sua cadeia”, diz Franciele Caixeta, coordenadora de P&D Agro da General Mills para América Latina.

Para Ciniro Costa Junior, coordenador de projetos do Imaflora, “o escalonamento de sistemas de plantio direto e a integração lavoura pecuária em áreas de pasto degradado, somente no Mato Grosso, sequestraria cerca de 300 milhões de toneladas de carbono no solo (ou 1.100 MtCO2e)”. Isso corresponde a quase 120% do total das reduções de emissões prometidas pelo Brasil no Acordo de Paris no ano de 2030 (925 MtCO2e). “O objetivo agora é dar continuidade ao trabalho e oferecer aos produtores informações e orientações práticas para que eles se tornem ainda mais eficientes. Iniciamos essas mentorias por meio de webinars trazendo como temas centrais das discussões as boas práticas agropecuárias na produção de grãos e incentivos econômicos para a produção da agropecuária sustentável e agora seguiremos com as capacitações gratuitas”, reforça Franciele. No total, sete produtores do Mato Grosso participaram da primeira etapa do projeto.

Outros resultados

As análises ainda sugerem que manter ou expandir o plantio direto e, especialmente, a integração de lavoura e pecuária em solos degradados na região do Mato Grosso constitui uma estratégia importante para atender a produção de alimentos no futuro e reduzir as emissões de GEE do País.

De acordo com o Imaflora, as áreas de pastagem degradadas são um ponto de atenção, mas também de oportunidades. Essas áreas reduzem significativamente os estoques de carbono no solo quando comparadas à vegetação nativa, ao passo que o plantio direto e a integração lavoura pecuária têm potencial para manter os níveis originais. “Caso os sistemas de produção sejam melhorados para sequestrar carbono nos solos de forma ainda mais eficiente, o cultivo de milho de pipoca pode potencialmente se tornar um sumidouro de GEE, especialmente em áreas de pastagem degradadas”, lembra Costa Junior.

No Brasil cerca de 60 milhões de hectares de pastagem, dos quais 10 milhões se localizam no estado do Mato Grosso, podem estar sob algum tipo de degradação e, portanto, ineficientes do ponto de vista agropecuário.

Sobre a General Mills
A General Mills é uma empresa líder global em alimentos e trabalha “fazendo os alimentos que o mundo ama”. Suas marcas globais incluem Cheerios, Annie’s, Yoplait, Nature Valley, Häagen-Dazs, Betty Crocker, Pillsbury, Old El Paso, Wanchai Ferry, Yoki, Blue e muitas outras. Com sede em Minneapolis, Minnesota, EUA, a companhia chegou ao Brasil em 1997, quando iniciou as vendas do sorvete premium Häagen-Dazs. Em 2012, adquiriu o Grupo Yoki Alimentos, conquistando um novo modelo de negócios e tornando-se proprietária das marcas Yoki, Mais Vita e Kitano, reconhecidas pelos brasileiros há muitas gerações. Como parte da expansão de seus negócios no País, em 2016, adquiriu a Carolina, líder regional em laticínios e reconhecida por marcas de destaque em iogurtes como Carolina, VeryGurt e Gluck.

Sobre o Imaflora
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora acredita que a certificação socioambiental é uma das ferramentas que respondem a parte desse desafio, nos setores florestal e agrícola, com forte poder indutor do desenvolvimento local sustentável. Dessa maneira, busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.

Mais informações: www.imaflora.org