18 de outubro de 2025

Bianca Tomaselli faz conferência sobre o surrealismo no Instituto Collaço Paulo

Exposição Elke

Bianca Tomaselli faz na segunda-feira, dia 28 de agosto, às 19h30, no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, a conferência “Surrealismo, Matéria e Magia”, na qual pretende, à luz da exposição “Elke Hering – Metamorfoses”, ampliar a compreensão sobre as vanguardas, em especial o surrealismo. 

Doutora em literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com estágio na Universidad de Granada (Espanha), mestra em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Tomaselli é pesquisadora do Grupo Hispania na Escola Internacional de Doutorado da Universidade da Coruña, trabalha junto ao Institut de Recherche sur le Cinéma et l’Audiovisuel da Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, pesquisando vanguardas e fascismos pós-1945. Arquiteta e urbanista pela UFSC, também é bacharel em artes plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), onde foi professora colaboradora do Departamento de Artes Visuais (2015-19). Como artista, tem obras no acervo de instituições públicas como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (ES), Fundação Nacional de Artes (RJ), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Museu Nacional Victor Meirelles (SC).

A fala de Tomaselli no instituto insere-se no programa “Retroprojetor: Encontros do Olhar”, idealizado pelo intelectual Raul Antelo e composto de seis conferências realizadas entre abril e outubro, duas das quais proferidas por ele mesmo e as demais por seus convidados. Mensais, sempre às 19h30, com entrada gratuita, a participação é por ordem de chegada e as vagas são limitadas.

O surrealismo, antecipa a conferencista, pode ser entendido como um movimento amplo, que inclui experiências e invenções oriundas das primeiras vanguardas, mas também a reelaboração desses processos e sua apropriação, em tempos e continentes diversos. “Surrealismo, Matéria e Magia” pretende problematizar o modo como artistas tomaram o tema após a Segunda Guerra, de modo situado e por meio daquilo que Furio Jesi (1941-1980) chamaria de “operação alquímica”.

Produto cultural totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), o projeto expositivo de Elke Hering conta com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), apoio cultural da Ibagy, parceiros que possibilitam uma agenda de encontros e reflexões. O Instituto Collaço Paulo realiza ações educativas com visitas mediadas e práticas imersivas. Neste momento, investe-se também em conteúdos auxiliares ao percurso expositivo como o lançamento de uma série de vídeos com audiodescrição e tradução em libras, e visitas mediadas em libras. Os recursos viabilizam também o transporte para grupos de estudantes da rede pública municipal.

Sintomas, derivas e desvios

O ideário de Raul Antelo para a criação do programa “Retroprojetor: Encontros do Olhar” parte “do pressuposto de que não há como sustentar uma reflexão estética, nem mesmo uma contestação política, acerca da história contemporânea, sem uma atitude genealógica e arqueológica que revele seus sintomas, seus movimentos inconscientes, suas derivas e desvios”.

O viés conceitual do programa está embasado no teórico André Malraux (1901-1976) que vê o museu como uma afirmação e, também, outras concepções, como a do museu imaginário, que é, conforme Antelo, “um questionamento, que leva a colar, montar experiências e espaços descontínuos (plásticos, filosóficos, políticos) para devolver ressonâncias a cada peça que contemplamos”.

Outro pensador adotado é Didi-Huberman que propõe como desafio “tornar a partir do zero: repensar as coisas de A a Z. Aprender de novo, sem descanso, começando pelas coisas de aparência mais simples. Ensaiar sem partir de um axioma: testar para ver, inventar novas regras do jogo e adotá-las apenas se doam algo, se são fecundas (atitude que os eruditos denominam heurística). Seja com a seriedade de uma empresa pedagógica, seja com o alvoroço de uma criança que lançará as letras do abecedário pelo ar: essa é a atitude própria da gaia ciência, com a qual Nietzsche (1844-1900) nos incita a subverter a separação secular entre o inteligível e o sensível”. O retroprojetor, explica o conferencista, permite captar “dinamogramas”, ou seja, deslocamentos provocados pelas falhas sísmicas, os movimentos tectônicos, as fraturas na história.

O programa encerra em 2 de outubro, com a convidada Andrea Giunta que enfoca “Brasilidade e Simultaneidade: Elke Hering entre Munich, Bahia e Blumenau”. Curadora, escritora e professora de arte latino-americana e arte moderna e contemporânea na Universidad de Buenos Aires, onde doutorou-se. Com amplo currículo, foi curadora-chefe da 12ª Bienal do Mercosul, “Feminismo (s). Visualidades, Ações, Afetos”, Porto Alegre (2020) e da exposição “Puisqu’il Fallait Tout Repenser” (Galería Rolf, Buenos Aires, 2020 / Les Rencontres d’Arles, 2021). Entre outros livros, é autora de “Feminismo y Arte Latinoamericano. Historias de Mujeres que Emanciparon el Cuerpo” (Siglo 21, 2018, 8ª ed. 2022) e de “Contra o Cânone: Arte Contemporânea em Um Mundo Sem Centro (Editora Nave, 2022).

AGENDA

28 de agosto de 2023, 19h30 – Bianca Tomaselli – “Surrealismo, Matéria e Magia”

2 de outubro de 2023, 19h30 – Andrea Giunta – “Brasilidade e Simultaneidade: Elke Hering entre Munich, Bahia e Blumenau”