Entrevista: Chitãozinho & Xororó

Não Ignore as Evidências: Chitãozinho & Xororó, a dupla que conectou o passado ao presente e definiu gerações.

Há mais de 50 anos, a dupla constroem uma carreira repleta de sucessos e uma habilidade única de conectar gerações, consolidando-se como dois ícones que moldaram a história da música nacional.

Com mais de 35 milhões de álbuns vendidos, eles foram pioneiros na fusão do estilo com elementos da música internacional, conquistando diversos prêmios, incluindo Grammys e discos de platina. 

JT: Qual é o segredo para manter legiões de fãs e ter músicas tão atuais após tantas décadas?

Chitãozinho: A gente sempre procura atualizar o nosso trabalho, seguir o que acontece não só na música, mas também no mundo. Estamos sempre buscando nos reinventar a cada período. Então, isso tem dado certo ao longo de mais de 50 anos de carreira, felizmente. E a música que a gente faz, a música romântica principalmente, quando você fala de amor, está sempre atual, né? Acho que um dos segredos é esse.

JT: Tem algum artista gostariam de cantar e ainda não cantaram?

Xororó: Nós cantamos com muitas pessoas com quem a gente nunca sonhou em cantar. Fizemos um projeto “Direito de Viver” em que cantamos com alguns amigos, com os quais já tínhamos cantado antes, e outros foram à primeira vez.

JT: Como surgiu a ideia do projeto “Direito de Viver”?

Xororó: Foi vendo a tragédia que aconteceu aqui no sul, em Porto Alegre. E em Santa Catarina também, que está sempre acontecendo também. Eu tinha assistido recentemente ao documentário da música “We Are The World”, e aquilo me motivou. Quando fizemos o primeiro show em São Paulo, no dia 7 de junho de 2024, para mandar toda a renda para o sul. Foi naquela mesma época que me veio à ideia de fazer uma música também, porque achei que só um show seria pouco. Nesse momento, a gente precisa continuar falando sobre o assunto, porque vi uma matéria que dizia que New Orleans demorou mais de 20 anos para a sociedade voltar à normalidade. Falei: “Uma cidade nos Estados Unidos, no primeiro mundo, demorou 20 anos. Imagina aqui no Brasil, em um estado inteiro!” Então pensei: “A gente tem que fazer algo”. Convidei esses artistas maravilhosos que aceitaram de imediato, começando pelo Roberto Carlos, que foi um dos primeiros a colocar voz na música. Foi uma grande satisfação, porque todo mundo entendeu o apelo e pensou exatamente como a gente pensa: o problema do Sul é nosso, é do Brasil inteiro, então a gente realmente precisa continuar ajudando.Toda renda dessa música será destinada à ONG Gerando Falcões, que atua na reconstrução do estado após as enchentes.

JT: Qual foi a maior dificuldade que vocês enfrentaram e a maior experiência dessas décadas de carreira?

Chitãozinho: A nossa maior dificuldade foi no começo da carreira. Nos anos 70, ficamos uns sete anos tentando sobreviver da música sem conseguir decolar, sem conseguir construir algo. Demorou entre 7 a 8 anos até a gente conseguir a ver resultados. De lá pra cá, foram bonas experiências, e a cada dia procuramos viver novas experiências, na vida e não só na música, e isso faz com que a gente se renove a cada momento. E essa vontade de estar no palco, com o público, enquanto tiver esse público maravilhoso aplaudindo e ouvindo a nossa música, nós estaremos aqui.

Xororó A dificuldade também ensina muito, né? Nos primeiros anos de carreira, a música sertaneja não tinha espaço na mídia. Então, cantar o estilo que a gente gostava, que aprendemos com nossos pais, era muito difícil naquela época. Mas, quando começamos a nos fazer notar, a aparecer na televisão e no rádio, fomos abrindo portas. E tudo o que aprendemos nesses primeiros sete anos foi investido ao longo dos anos. Continuamos aprendendo até hoje.

 JT: Já pensaram em se separaram alguma vez?

Chitãozinho: Já surgiram propostas de trabalho solo, mas nunca não topamos. Queremos estar sempre ao lado um do outro. Sempre como dupla.

JT: Há 10 anos, entrevistei vocês e perguntei qual era a música favorita de vocês. E hoje, continua sendo a mesma?

Xororó: Hoje, sem dúvidas, “Evidências” é a música mais cantada, não só por nós, mas acho que é a música mais tocada e cantada no Brasil.

Chitãozinho: Eu sempre achei que “Evidências” desde o momento que nos gravamos, já tomei ela como minha música favorita e continua sendo até hoje.

JT: Deixem um recado para os fãs.

CHX: Sempre queremos expressar nossa gratidão, especialmente aos nossos fãs do sul, que sempre nos trataram com tanto carinho e dedicação. E aproveitamos para convidar todos a escutarem a música “Direito de Viver”. Ao escutá-la, vocês estarão fazendo o bem e apoiando essa causa tão importante.

Por Daiane Rodrigues