Setor de transporte pede retomada de viagens interestaduais

Mesmo após 30 dias da liberação pelo governo do Estado do funcionamento do transporte urbano municipal e intermunicipal, as viagens interestaduais seguem proibidas. O setor diz que essa decisão é questionável e cobra o Executivo estadual pela igualdade de tratamento. Sem poder realizar viagens para fora do Estado, mais da metade do setor está parado.

Para o presidente da Associação das Empresas de Transporte Turístico e Fretamento de Santa Catarina (Aettusc), José Marciel Neis, o Estado já poderia definir a data de retorno e liberar a venda de passagens para que o setor se organize previamente e movimente a economia. 

“A gente mostrou que mesmo com a liberação ainda levaria um certo tempo para as pessoas tomarem confiança para viajarem, principalmente no setor de fretamento, de viagens de compras, de turismo, porque as pessoas só voltarão a viajar daqui a dois, três meses”, disse. 

Segundo ele, as viagens interestaduais representam 60% do setor, ou seja, mais da metade das atividades ainda estão paralisadas. “Santa Catarina é o único Estado que não está permitindo o transporte interestadual de passageiros por ônibus. O governo permite só por avião ou por carro, sendo que os ônibus têm todas as condições de atender com muita segurança”, diz. 

Pelo atual decreto do governo do Estado, os transportes municipal e intermunicipal urbanos estão com atuação permitida desde 8 de junho. O texto prevê também que está suspenso até 2 de agosto o ingresso em território catarinense de veículos de transporte de passageiros interestaduais. As regras geraram um protesto no início de junho

A maioria das atividades já voltou à ativa, com os cuidados necessários. O setor argumenta que as viagens aéreas nunca pararam e que as pessoas se organizaram para fazer rotas interestaduais por carro. “O governo está jogando para dentro do transporte não regular toda a demanda reprimida. Você pode verificar que, nas rodoviárias, o aplicativo de carona funciona”, disse Neis. 

“A gente estima que cerca de 30% das empresas que pararam em março não vão ter capacidade de voltar quando liberarem o interestadual. Algumas já fecharam as portas, demitiram, a gente perdeu cerca de 30% das vagas que as empresas tinham, algumas suspenderam, outras demitiram”, acrescentou.