Hoje vivemos duas pandemias em Santa Catarina, diz secretário da Saúde

André Motta Ribeiro criticou processo de impeachment e movimentos que desautorizam a legitimidade de prefeitos e governadores

O secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, disse nesta terça-feira (4) que Santa Catarina vive duas pandemias: uma é de Coronavírus – a mais grave – e outra é de desautorização e deslegitimação de autoridades. Ribeiro também criticou o andamento do processo de impeachment aberto na Assembleia Legislativa de SC (Alesc) contra o governador Carlos Moisés da Silva, a vice Daniela Reinehr, e o secretário de Administração, Jorge Eduardo Tasca.

“Hoje vivemos duas pandemias no Estado. Uma é a pandemia do vírus, que é mais grave. Mas nós temos uma outra pandemia que é causada pelas discussões de legitimidades. Quando se questiona o governo, o prefeito, a respeito das medidas que estão sendo tomadas, fica difícil da população acreditar no que a gente está dizendo”, afirmou. 

A reclamação do secretário tem como pano de fundo o avanço da Covid em Santa Catarina. A projeção da própria pasta é de chegar próximo a 3 mil óbitos em 23 de agosto em um cenário pessimista. Mesmo com o cenário negativo, o isolamento social ainda está muito aquém do que o Estado precisa para frear o contágio do vírus. 

“É um péssimo momento para a gente falar, por exemplo, em impedimento de governadores ou de senadores, de prefeitos, porque isso cria na população uma dificuldade de legitimar a autoridade. Eu acho que esse é um grande problema. […] Hoje, tem espaço na mídia, infelizmente, para assuntos que não são relacionados à pandemia. Perde-se tempo de educar as pessoas, de mostrar a gravidade da doença”, acrescentou. 

Nesta quarta-feira (5), a Secretaria de Saúde atualizou o mapa de risco de Santa Catarina. O número de regiões em situação considerada gravíssima diminuiu de 12 para oito, mas a ocupação de leitos de UTI permanece acima de 80%. Além disso, o número de casos ativos da doença (acima de 11,3 mil) está em um dos patamares mais altos já registrados. 

“Estamos há quase 150 dias nesse enfrentamento. É difícil, as pessoas têm dificuldades, saudade dos amigos, dos familiares. A gente entende isso, mas também entendemos que deveríamos ter permanecido como lá no início: manter o distanciamento e manter o regramento. É isso que faz a diferença. O melhor tratamento para o Coronavírus é não pegar a doença”, disse. 

Bruno Collaço Agência AL